Salmos
É o Livro de louvores de Israel.
Comentário:
Os Salmos, metade dos quais é
atribuída por suas inscrições a Davi, o suave cantor de Israel, em geral
procedem da idade áurea de Israel, por volta do ano 1000 a.C. Sem a menor
dúvida, alguns foram escritos mais tarde, na época do cativeiro (por exemplo, o
Salmo 137). Os salmos expressam verdades profundas num estilo poético, com a
intenção de penetrar os recônditos do coração. Devem ensinar-nos que o
conhecimento intelectual não é suficiente; o coração deve ser alcançado pela
graça redentora de Deus. A poesia hebraica não consiste no ritmo mas
principalmente na repetição de pensamentos apresentados em cláusulas paralelas,
como, por exemplo: "Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos
retribuiu segundo as nossas iniquidades" (103:10). Se prestarmos atenção a
este paralelismo, poderemos, às vezes, interpretar palavras obscuras mediante o
paralelo mais claro. Outro recurso que se emprega com freqüência no artifício
poético é a dramatização. Davi não escreve para si próprio. Escreve para
outros. O salmista escreve para todos nós, e podemos apropriarmos de que aqui
também Davi escreve às vezes na primeira pessoa do singular; não obstante isso,
proporciona-nos pormenores vividos das experiências do Messias.
Cerca da metade dos salmos pode ser
classificada como orações de fé proferidas em épocas de angústia. Salmos tão
preciosos como os de número 23, 91, 121 e muitos outros, sustentam-nos nos
momentos de necessidades mais urgentes. Seria bom que aprendêssemos de cor estes
salmos e os repetíssemos com freqüência, a fim de fortalecer-nos com a Palavra
quando a hora da provação nos apanha de surpresa. Mais ou menos 40 salmos são dedicados
ao tema do louvor. A nota de louvor a Deus deve constituir-se em uma parte da
respiração mesma do crente, e salmos tais como os de números 100 e 103 devem
figurar com proeminência em nossas devoções.
É difícil fazer uma classificação
minuciosa dos salmos, visto como são obras profundamente poéticas, e um salmo
pode tratar de assuntos diferentes. Sugerimos, contudo, várias categorias: os
salmos do homem justo são representados pelos de números 1, 15, 101. 112 e 133.
Seis poderiam denominar-se salmos messiânicos: 2, 21, 45, 72, 110 e 132. Os
salmos 32 e 51 são chamados, de modo geral, penitenciais, juntamente com partes
dos salmos 38, 130 e 143. Os salmos imprecatórios pedem vingança sobre os
inimigos de Deus; são eles: 69, 101, 137 e parte dos salmos 35, 55 e 58. Há,
pelo menos, quatro salmos históricos: 78, 81, 105 e 106. Dois ressaltam a
revelação: 19 e 119.
Os salmos messiânicos que se referem a
Cristo, no Novo Testamento, são: 2, 8, 16, 22, 40, 41, 45, 68, 69, 89, 102,
109, 110 e 118. Alguns destes são tipicamente messiânicos, isto é, escritos a
respeito de nossas experiências em geral, mas aplicados a Cristo. Outros são
diretamente proféticos. Os salmos 2, 45 e 110 predizem o Rei messiânico. No
salmo 45:6, o Messias é Deus; no 110, é ele o Sacerdote, Rei e Senhor de Davi;
no salmo 2, é o Filho de Deus que deve ser adorado. Outros salmos fazem
referência a seus sofrimentos (22), seu sacrifício (40), sua ressurreição
(16:10, 11). No salmo 89, ele é quem completa a aliança davídica em cumprimento
das esperanças de Israel. .
Autor:
Segundo os títulos, Davi foi o autor
de 73 salmos; Asafe, de 12. Os filhos de Coré, 11; Salomão, 2; Moisés e Etã um
cada um. No caso de 50 salmos, não se menciona seu autor. A versão dos Setenta
ou Septuaginta acrescenta Ageu e Zacarias como autores de 5 salmos.
O valor das inscrições tem sido posto
em dúvida, mas é evidente que figuravam muito antes do ano 200 a.C., visto que
a Versão dos Setenta, traduzida em torno dessa época, interpretou erroneamente
várias das anotações musicais dos títulos. As composições poéticas que figuram
nos livros históricos da época do pré-exílio assinalam o uso semelhante de
inscrições (Habacuque 3:1; Isaías 38:9; II Samuel 1:17; 23:1). O salmo 18, atribuído a Davi por sua inscrição, também se diz em II Samuel 22:1 que foi
escrito por ele. Esta reputação de Davi como músico é mencionada repetidamente
(II Samuel 23:1; I Samuel 16:18; Amós 6:5). Os livros das Crônicas explicam com
clareza que Davi organizou coros no templo e compôs salmos para eles (I
Crônicas 16:4, 5; 25:1-5). As expressões musicais enigmáticas das inscrições
acham-se freqüentemente relacionadas pelo livro das Crônicas com este trabalho
de Davi (I Crônicas 15:20, 21; 16:4; compare os títulos dos salmos 12, 38, 46;
e 105:1; 148:1 e outros). Finalmente, o Senhor Jesus Cristo fundamentou um
importante argumento sobre a validez do título do salmo 110 (Marcos 12:36). Não
parece existir prova positiva contra o ponto de vista tradicional de que a
maior parte dos salmos foi escrita em torno do ano 1000 a.C., como afirmam as
inscrições. As novas provas derivadas dos pergaminhos do mar Morto descartam a
idéia de que a escritura de alguns salmos se estendeu até ao segundo século
antes de Cristo conforme o sustentaram alguns exegetas no passado.
Graciano Caseiro - Escritor, Comunicador e Divulgador de Redes Sociais
gracianocaseiroproducoes@gmail.com
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